“Funes”

Para esta nova edição, Francisco retoma sua pesquisa sobre utilidades e seus desdobramentos em objetos como armários, gaveteiros e cristaleiras. Dessa vez, ele busca enfatizar um elemento particular dentro desses objetos: a gaveta.

Na sua reflexão sobre a gaveta, Nuk encontra referências nos contos de Jorge Luis Borges, especialmente em "Funes, o Memorioso". Neste conto, Borges cria uma personagem capaz de lembrar de todos os detalhes de sua vida, um verdadeiro armazenador de informações. No entanto, Funes é incapaz de pensar, criar ou projetar, pois sua mente está sobrecarregada com o passado.

A relação da obra de Francisco com o personagem se dá quando o artista interpreta a gaveta como o principal meio de eternizar uma memória. Para ele, tudo o que guardamos em uma gaveta tem sua importância, pois ao abri-la, essas memórias podem ser revividas. No entanto, para Nuk, as memórias são também importantes formas de criação. Diferentemente de Funes, nunca conseguimos lembrar todos os detalhes do passado, apenas selecionamos partes que nos marcaram. Assim, ao revisitarmos uma memória, criamos novos elementos e novas representações.

A obra de Francisco convida à reflexão sobre o ato de guardar e de esquecer, e como esses dois processos se tornam catalisadores da vida.