A mediação entre corpo e ambiente, seja ele natural ou edificado, é o tema central da obra de Nino Cais e são o desenho, os objetos, a colagem, a fotografia e a instalação seus meios de expressão. É formado em artes plásticas na Faculdade Santa Marcelina (Fasm). Já expôs individualmente no Paço das Artes (Temporada de Projetos), no Centro Cultural São Paulo (Programa de Exposições), na Fundação Nacional de Arte (Edital Funarte - SP) e coletivamente no Metropolitan Pavillon (Nova York), na 30ª Bienal de São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake, no Museu de Arte Moderna da Bahia, no Itaú Cultural, entre outros espaços. Em 2005, foi mapeado pelo Rumos Artes visuais e em 2008, recebeu o Prêmio Destaque, da Fundação Iberê Camargo, e o Prêmio Aquisitivo do Museu de Arte de Ribeirão Preto. Sua obra está em coleções como a do MAM-BA, do MARP e do SESC.
São os corpos os elementos básicos de investigação de Nino Cais. Os corpos humano e material. O artista analisa cada um deles e as relações entre eles. Relações estas que envolvem também os lugares ao redor de seus personagens e de seus objetos.
Há um jogo constante entre o homem tratado como objeto, ou até mesmo como escultura e o objeto como intermediário entre corpo e espaço. Em diversos trabalhos fotográficos, ora Nino se oculta, ora se expõe. Quando se mostra, parece querer estar mediado por utensílios e ferramentas, como em Maiastra (2007), ou em Sem Título (2004), em que a figura de Nino aparece duas vezes, em posições diferentes, separadas por uma parede, copos, xícaras, leiteiras e baldes (todos duplicados). E quando tem seu rosto coberto, se iguala aos adereços que compõem a imagem, se funde a eles.
Em outros trabalhos, estes já volumétricos, o artista investiga as coisas, não somente em aspectos formais, mas suas simbologias, e as aproxima. O que seria uma cadeira com pés de foices? Ou com pés de pás?
Um aspecto interessante na obra de Nino é que há as imagens são sempre compostas por múltiplos elementos. Há constantemente a soma de fragmentos em um único campo, a colagem e a sobreposição de diversas peças e todas elas, uma a uma, são importante para a construção da figura final. Na série Décor, os personagens, sempre sem rostos, são tomados por peças que lhes serve como instrumento de identificação. No entanto, tais colagens não buscam somente apontar qual objeto faz parte de qual personagem especificamente, mas criar imagens tipo de toda uma década.
Apesar da base histórica ser bastante presente nos trabalhos do artista, sua história nunca é oficial, trata-se de estórias. Nino Cais nos transporta a diferentes tempos, a diferentes momentos da história, que recriamos de acordo com nossas experiências e memória. Nino inventa mundos, em que constrói os objetos, os personagens e a ordem entre eles. São estórias fantásticas, narrativas particulares e ao mesmo abertas a múltiplas possibilidades. São obras na iminência do movimento, que estão paralisadas quase como em um frame de cinema.
Em "A educação pelos objetos", Agnaldo Farias faz uma instigante colocação a respeito de sua obra: "Que mundo será esse inventado por Nino Cais? Seriam os objetos os instrumentos de captação de uma realidade oculta e o emprego de novas sintaxes entre eles o deflagrador de novos espaços e, com eles, de novas possibilidades do nosso corpo? O fato é que, nesse mundo de parcas experiências, o que pode o nosso corpo trazer sob a forma de memória? A necessidade de reinventá-lo passa forçosamente pela reeducação dos nossos gestos e ações, voltarmos a receber outras lições das coisas, as mesmas coisas de sempre."1
1. FARIAS, Agnaldo. A educação pelos objetos. Fonte: http://www.centralgaleriadearte.com/a_cais/textos.php