O fotógrafo Vicente de Mello reflete sobre questões próprias de seu meio através de temas diversos, como paisagens natural e arquitetônica, objetos íntimos e públicos, corpos humanos e até mesmo obras de arte. A experiência compositiva parece ser para ele o objetivo final de seus trabalhos. Com interessantes referências da história da arte e propriamente da fotografia, Vicente cria a cada nova série, um novo caminho, um novo universo. Formou-se em Comunicação Social e especializou-se em História da Arte e Arquitetura no Brasil. Já realizou exposições em conceituadas instituições em todo o mundo, como a Maison Européenne de la Photographie (Paris), a Caixa Cultural (Rio de Janeiro), o Instituto Itaú Cultural (São Paulo), o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Recife), o Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, entre outros. Em 2006, foram publicados o livro "Áspera Imagem" e, em 2014, "Parallaxis". Suas obras compõem importantes coleções públicas e particulares como as do Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro), da Pinacoteca do Estado de São Paulo, dos Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro, da Fundação Daros, da Fondation Cartier pour l´art contemporain, da Coleção José Roberto de Figueiredo Ferraz, entre outras.
Há em seu trabalho, um constante jogo de reconstrução visual a partir dos elementos existentes, principalmente os da paisagem arquitetônica: pilares, coberturas, paredes, degraus, superfícies envidraçadas formando grandes espelhos, entre outros, são revistos por Vicente, criando, a partir deles, novas composiçõe
Em "Vermelhos Telúricos" (2001), as paisagens arquitetônicas ganham bordas arredondadas e tons avermelhados que dão a elas novos ares, nova ambientação. Em formato quadrado, locais e edifícios icônicos, como Veneza, a Grande Muralha da China, Machu-Picchu e o Centre Pompidou parecem ter sido deslocados no tempo.
Vicente realiza diversas experimentações relacionando luz e formas, levando muitas de suas imagens à abstração, como podemos ver em "A Cidade perfeita, A seringueira", nas séries "Lapidus e Galáctica" (2000). Nesta, Vicente trata elementos luminosos, como lâmpadas e seus suportes, como se irradiassem luz em diferentes universos, transformando-os em estrelas, asteroides, meteoroides.
Em ""Topografia Imaginária (1994-1997), a base de suas criações são corpos humanos, que tomam o primeiro plano da imagem e mostram com detalhe a pele, sua porosidade, suas dobras e a marca do tempo.
Além disso, possui em seu trabalho uma relação próxima com obras de arte, um olhar aguçado, curioso, compositivo sobre elas, devido à sua experiência em documentá-las. Entre outros projetos, foi o fotógrafo responsável pelas imagens das obras de Maria Martins, presentes no livro "Maria".
Vicente tem se expressa também com as palavras, ao dar nomes a seus trabalhos, que podem ser palavras ou até pequenos versos. Em "Cinematógrafo", por exemplo, os trípticos, em cores vibrantes, compostos geralmente por duas imagens de paisagem natural ou urbana e uma terceira com presença humana, são acompanhados de instigantes frases que abrem seus sentidos ao espectador e propõem ao mesmo tempo um jogo sequencial de imagem e texto.