Por trás da leveza poética dos trabalhos de Dunley, estão camadas de tinta sobrepostas e muito trabalhadas, sob as quais a textura do suporte desaparece. Paradoxalmente, essa complexidade processual opera para imprimir simplicidade visual, resultando em anti-imagens difusas, diluídas nas pinceladas que retocam e derretem contornos. A “mão” do artista, o gesto que marca a presença do sujeito na obra e seu questionamento, sua negação, não se perdem ou se atenuam, são elementos fundamentais de uma pintura que se coloca como depoimento do tempo em que surge.
A figuração fugidia que se impõe nessas circunstâncias é, antes, uma dúvida sobre a realidade ao redor, sobre a objetividade da percepção do mundo, e não uma afirmação positivista da acepção dos acontecimentos. Daí a evidenciação dos retoques, correções de traços e erros que deixam sua marca como cicatrizes.
Segundo o artista: “Há uma visualidade variante entre os trabalhos mais recentes. Há uma mudança da função da imagem, uma descrença em um único caminho de representação, uma descrença na afirmação da unidade do trabalho e de sua identidade através de um estilo - uma repetição visual fortemente demarcada. É através da articulação entre maneiras de fazer, formas de visibilidade e uma reflexão sobre suas relações, que implica na construção de uma efetividade, que o trabalho se apoia e se afirma.”
Entre suas exposições, destacam-se: "Nova arte nova", no Centro Cultural Banco do Brasil (2009) e "Os primeiros 10 anos", no Instituto Tomie Ohtake (2011). Entre as exposições individuais, destaque para “e“ no Centro Universitário Maria Antonia (2013) e a mostra "No lugar em que já estamos", na Galeria Nara Roesler (2014); "The Mirror", Galeria Nara Roesler | New York, New York City/NY, USA (2018); XXXIII Bienal Internacional de Arte de São Paulo – "Afinidades afetivas" (coletiva, 2018).
Dentre suas mais recentes realizações, sua obra "Vista", de 2016, entrou para a lista do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo durante o preview da SP-Arte 2017.